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domingo, 12 de agosto de 2012

a liçao

                                                                                         





A Lição


   As sandálias do discípulo ressoavam surdamente nos degraus
   de pedra que levavam aos porões do velho mosteiro.
   Empurrou a pesada porta de madeira que cerrava os
   aposentos do ancião.
   E custou a localizá-lo na densa penumbra, o rosto velado por
   um capuz, sentado atrás de enorme escrivaninha, onde,
   apesar do escuro, fazia anotações num grande livro,
   tão velho quanto ele.

   E o discípulo o inquiriu:
   - Mestre, qual o sentido da vida?
   O idoso monge, permanecendo em silêncio,
   apenas apontou um pedaço de pano,
   um trapo grosseiro no chão junto à parede.
   Logo após, seu indicador ossudo e encarquilhado mostrou,
   no alto do aposento, o vidro da janela, opaco sob décadas
   de poeira e teias de aranha.
   O discípulo pegou o pano e subiu em algumas prateleiras
   de uma pesada estante forrada de livros.
   Conseguiu alcançar a vidraça e começou então a esfregá-la
   com vigor, retirando a sujeira que impedia sua transparência.

   O sol inundou o aposento, banhando com sua luz estranhos
   objetos, instrumentos raros e dezenas de papiros e pergaminhos
   com misteriosas anotações e signos cabalísticos.
   O discípulo, sem caber em si de contentamento,
   a fisionomia denotando o brilho da satisfação, declarou:

   - Entendi, mestre. - Devemos nos livrar de tudo que ATRAPALHE nosso aprendizado...
Retirar o pó dos preconceitos e as teias das opiniões que impedem
O RECEBER da luz do conhecimento e então enxergaremos A VERDADE,
com mais nitidez.

O jovem discípulo fez então uma reverência, e deixou o aposento, agora iluminado, a fim de dividir com os outros a lição
recém aprendida.
O velho monge, o rosto enrugado ainda encoberto pelo largo capuz, os raios do sol da manhã banhando-o com uma claridade a que se desacostumara, olhou o discípulo se afastando.
Deixou escapar um tênue sorriso
e pensou:- Mais importante do que aquilo que alguém mostra é o que o outro enxerga!
      E murmurou baixinho:      - Eu só queria que ele colocasse o pano no lugar de onde caiu. 




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